Chegando em Catuçaba, um bairro rural que surgiu antes da cidade de São Luis do Paraitinga conheci a professora Geni, que comanda o posto social do bairro. E sabe o que ela me disse, que lá não pega celular. Oh! E agora, quem poderá me ajudar?
Mas nem tudo estava perdido, porque descobri que em Catuçaba tem a pracinha da internet. Que na realidade é um ponto de ônibus. Você chega, conecta o notbook e pronto. E o que é melhor, totalmente de graça. Ta de parabéns a Prefeitura de São Luis, adorei a idéia.
E enquanto estava lá estabelecendo contato com o mundo, ouvi a Geni dizendo pro João que ali perto mora a Dona Nega, uma senhora que dizem ser meio maluca, que morava numa caverna no meio da Serra do Mar. Foi pouco para despertar a nossa curiosidade. Resolvemos conhecer a tal senhora maluca.
Chegando lá levei um susto, com a quantidade de mato e lixo que havia em volta da casa dela, chamamos umas cinco vezes e ela finalmente apareceu, ficou meio assustada mas aos poucos foi se soltando e nos contando a história de sua vida. E não é que ela morava numa caverna mesmo. “Nois andemo numa distancia como daqui ali, demo com uma pedra, uma pedra do tamanho da cozinha minha, ai eu falei pra ele, o Lorenço eu vo muda pra ca”, disse ela. Ficamos de voltar, para descobrir um pouco mais da historia dessa senhora, que ainda tem muito para nos contar.
E depois de tanta descoberta, ficamos em Catuçaba mesmo. Pois o dia seguinte prometia.
Saímos bem cedo e pegamos a estrada em direção ao mar... (ufa! )
Mas o João me anganou e logo esquecemos a praia e entramos a direita, acompanhando o Rio Paraibuna. Fomos parar nos cafundó de Natividade da Serra, no bairro da Vargem Grande, procurando um tal de Braz Vená. Um senhor simples que mora numa casa de pau-a-pique e tem no seu quintal a sua própria farmácia. Ali tem remédio pra tudo, dor de cabeça, dor nas costas,
dor de garganta, dor no pé, na perna no braço na mão. Onde tiver dor, ele tem uma plantinha que cura. Até pra dores do coração e do espírito.......
E nos estávamos La, sentados na sua sala de estar à beira de um bambuzal no terreiro de chão batido ouvindo suas histórias. E sabe o que ele me contou? Que lá no riacho à meia noite quando tudo silencia, é possível ouvir o som das águas, as pedras se batendo dizendo que um novo dia começa. Ele disse também que é possível sentir o curupira, bem de pertinho. E se é possível sentir, é possível ver, como diz o Seu Braz a gente enxerga primeiro com a mente e depois com os olhos. E se você parar para pensar é bem a verdade.
O. Brás nos disse que um dia a Terra toda vai tremer e as únicas casas que vão parar em pé são as casas de pau-a-pique. E a casa que o homem faz hoje, ele diz ser a sua própria armadilha. Sinistro não.
E por falar em sinistro eu conheci um túmulo, mas não é um túmulo qualquer não, é o do Lobisomem. O Brás contou que há mais de cem anos foi enterrado lá no morro o corpo do Lobisomem e dizem que até hoje se ouve os gemidos do próprio Lobisomem. Subiu o morro e mostrou o túmulo. (cutuque e veja o vídeo) Ele jura de pé junto ( e vivo) que é verdade e tem ainda saci, curupira e porca com sete leitões.......
Depois dessa sai correndo, fomos lá para o Bairro das Palmeiras, na Pousada das Palmeiras, um lugar tranqüilo à beira de um enorme lago, sem curupiras e lobisomens. Mas dormi prevenida, pois nunca se sabe.
Passamos a noite para o dia seguinte pegar o caminho de volta pra casa. E no meio do caminho conheci algumas cachoeiras que não davam nem para molhar a mão de tão frio que estava a água, mas pode ter certeza que eu vou voltar.