domingo, 4 de dezembro de 2011

LOBISOME


Chegando em Catuçaba, um bairro rural que surgiu antes da cidade de São Luis do Paraitinga conheci a professora Geni, que comanda o posto social do bairro. E sabe o que ela me disse, que lá não pega celular. Oh! E agora, quem poderá me ajudar?

Mas nem tudo estava perdido, porque descobri que em Catuçaba tem a pracinha da internet. Que na realidade é um ponto de ônibus. Você chega, conecta o notbook e pronto. E o que é melhor, totalmente de graça. Ta de parabéns a Prefeitura de São Luis, adorei a idéia.

E enquanto estava lá estabelecendo contato com o mundo, ouvi a Geni dizendo pro João que ali perto mora a Dona Nega, uma senhora que dizem ser meio maluca, que morava numa caverna no meio da Serra do Mar. Foi pouco para despertar a nossa curiosidade. Resolvemos conhecer a tal senhora maluca.

Chegando lá levei um susto, com a quantidade de mato e lixo que havia em volta da casa dela, chamamos umas cinco vezes e ela finalmente apareceu, ficou meio assustada mas aos poucos foi se soltando e nos contando a história de sua vida. E não é que ela morava numa caverna mesmo. Nois andemo numa distancia como daqui ali, demo com uma pedra, uma pedra do tamanho da cozinha minha, ai eu falei pra ele, o Lorenço eu vo muda pra ca”, disse ela. Ficamos de voltar, para descobrir um pouco mais da historia dessa senhora, que ainda tem muito para nos contar.

E depois de tanta descoberta, ficamos em Catuçaba mesmo. Pois o dia seguinte prometia.

Saímos bem cedo e pegamos a estrada em direção ao mar... (ufa! )

Mas o João me anganou e logo esquecemos a praia e entramos a direita, acompanhando o Rio Paraibuna. Fomos parar nos cafundó de Natividade da Serra, no bairro da Vargem Grande, procurando um tal de Braz Vená. Um senhor simples que mora numa casa de pau-a-pique e tem no seu quintal a sua própria farmácia. Ali tem remédio pra tudo, dor de cabeça, dor nas costas,

dor de garganta, dor no pé, na perna no braço na mão. Onde tiver dor, ele tem uma plantinha que cura. Até pra dores do coração e do espírito.......

E nos estávamos La, sentados na sua sala de estar à beira de um bambuzal no terreiro de chão batido ouvindo suas histórias. E sabe o que ele me contou? Que lá no riacho à meia noite quando tudo silencia, é possível ouvir o som das águas, as pedras se batendo dizendo que um novo dia começa. Ele disse também que é possível sentir o curupira, bem de pertinho. E se é possível sentir, é possível ver, como diz o Seu Braz a gente enxerga primeiro com a mente e depois com os olhos. E se você parar para pensar é bem a verdade.

O. Brás nos disse que um dia a Terra toda vai tremer e as únicas casas que vão parar em pé são as casas de pau-a-pique. E a casa que o homem faz hoje, ele diz ser a sua própria armadilha. Sinistro não.

E por falar em sinistro eu conheci um túmulo, mas não é um túmulo qualquer não, é o do Lobisomem. O Brás contou que há mais de cem anos foi enterrado lá no morro o corpo do Lobisomem e dizem que até hoje se ouve os gemidos do próprio Lobisomem. Subiu o morro e mostrou o túmulo. (cutuque e veja o vídeo) Ele jura de pé junto ( e vivo) que é verdade e tem ainda saci, curupira e porca com sete leitões.......

Depois dessa sai correndo, fomos lá para o Bairro das Palmeiras, na Pousada das Palmeiras, um lugar tranqüilo à beira de um enorme lago, sem curupiras e lobisomens. Mas dormi prevenida, pois nunca se sabe.

Passamos a noite para o dia seguinte pegar o caminho de volta pra casa. E no meio do caminho conheci algumas cachoeiras que não davam nem para molhar a mão de tão frio que estava a água, mas pode ter certeza que eu vou voltar.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

.....PELAS TRILHAS DA HISTÓRIA

Igreja Matriz de São José do Barreiro


Vira-Lata espera almoço...

Em São José do Barreiro, bem cedinho, fomos tomar café da manhã com biscoito da Sandra, na praça central, com Excelentíssimo Prefeito Arthur. Ele, aliás, é o Prefeito mais fusqueiro que eu já conheci (Ganhou a vida e a eleição com um fusca-táxi que levava o povo pra roça). E estávamos lá, eu, o João e o fusqueiro, quer dizer, o Prefeito, bem tranqüilos. De repente, passou um caminhão em alta velocidade, a 40 km/h, nos impedindo de ouvir o que o Prefeito estava falando. Foi quando o fusqueiro, digo, o Prefeito pegou seu celular, ligou pra alguém e disse: EU QUERO DOIS QUEBRA-MOLAS NA PRAÇA NA SEGUNDA-FEIRA!

E depois desse ato heróico do Prefeito, nós continuamos a prosa e o café. Seguindo nossa viagem pelo Vale Histórico fomos para Formoso, um bairro da pacata cidade de São José do Barreiro. Passamos pelo Clube dos 200, um hotel-fazenda que hospedou celebridades como Carmem Miranda, Tarsila do Amaral e Getúlio Vargas, entre outros nomes importantes.

Assinatura de Carmen Miranda

Depois, para a Fazenda da Barra, onde fomos recepcionados pelo proprietário, Paulo, que recebeu de presente sementes de mangarito e cara-moela, para incrementar o cardápio da fazenda. Essa fazenda é cercada por matas, tem uma piscina natural e cachoeiras, tem também as ruínas de uma senzala toda de pedra.

Fazenda da Barra

Restos da Senzala

Fazenda da Barra

Piscina Natural - Fazenda da Barra

E sábado não acabou, não. Voltando para a cidade, fomos até a Fazenda São Francisco, a mais antiga da região, de 1813. Tomamos um café, proseamos um pouco com os proprietários, Seu Waldo e Dona Eliane, e voltamos para a pousada. Mais à noite, fomos até o restaurante “O Rancho”, comer e ouvir um pouco mais sobre a história da velha São José do Barreiro. O João até deu uma palhinha para o pessoal, contando um pouco sobre a comida caipira.

No dia seguinte, pela Estrada dos Tropeiros, e a beleza da Serra da Bocaina sempre a nos encher os olhos, passamos em Arapeí (aqui fica o sítio da D Licéia que serve uma das melhores comidas caipiras do Brasil) Logo, logo conto tudo. Seguimos pra Bananal, parando para uma visita na Fazenda dos Coqueiros, da Dona Beth e do Sr. Guga. Essa, sim, me fez reviver a história do Brasil. Entre seus corredores e cômodos, é como voltar ao passado e viver naquela época. Nos fundos da Fazenda tem um poço onde escravos eram torturados e até mortos. É arrepiante!

Poço de Tortura de Escravos - Fazenda dos Coqueiros

E em Bananal mesmo, fomos dormir na pousada do argentino Jorge, a Volterra. Comemos uma truta preparada pelo proprietário especialmente para nós. A cidade tem muita coisa interessnte, que ainda vou conhecer.. Veja no site www.nascentesdoparaiba.com.br

Enfim, segunda-feira chegou. Dia de voltar para casa, trazendo nas malas um pouco mais de histórias, belezas e momentos agradáveis, ficando sempre um gostinho de quero mais.

Se conhece alguém que já viu curupira e saci? Eu conheci e vou contar tudo. Aguarde......

terça-feira, 4 de outubro de 2011

BOCAINA. VAMO NÓIS .........


E vou eu, com o fusca, rumo ao Vale Histórico para mais uns dias de aventura e pesquisas com o João Rural.

Chegando em Silveiras, direto para o mecânico. O fusca resolveu faiá e queria uma revisão, parecendo que sabia o que ia enfrentar no dia seguinte.
No final da tarde, conheci a Dona Geralda, que faz uma rosquinha de farinha de milho - meu Deus! Uma delícia dos antigos. Segundo o João, eu comi uns 13.
Saindo dali, direto para Areias, descansar, porque o dia seguinte prometia. Afinal, não é todo dia que se sobe à Serra da Bocaina até a nascente do Ribeirão da Lagoa, a principal nascente do Rio Paraíba do Sul, por ser a mais distante da foz do rio.
No dia seguinte, saímos bem cedo até o portal da cidade para um café com algumas autoridades e amantes da aventura, com a recepção do divertido Zé do Paraíba.
Saindo de lá, todos duvidaram que o fusca subisse a Serra. Mas mesmo assim fomos, no meio das camionetes e jipes 4x4. No começo, tudo tranquilo. Alguns morrinhos, só, nada demais. Depois, a 1.700 metros de altitude, varando a mata e ribeirões, é que eu vi a coisa feia, rsrsrs. O João me pedia pra distanciar das 4x4, eu até tentava segurar, mas não dava não. Ou ia ou ia, tive que pedir para os 4x4 para liberar a estrada. Inacreditável, mas o fusca já estava empurrando as camionetes. Depois que passamos, o fusquinha foi que foi, não tinha morro que segurava ele, ou melhor, nós.
Chegando lá, foi só elogios. Todos tiveram que acreditar que o fusca chegou. Propostas de compra não faltaram, com a condição de que a motorista fosse junto. Até me perguntaram se eu era filha de caminhoneiro. Eu disse: Caminhão, não. Ônibus, mesmo. E tive um ótimo professor, meu pai!
E no meio de camionetes e jipes nós estávamos lá, a quase dois mil metros de altitude, nos Campos da Bocaina, onde fica a Nascente do Ribeirão da Lagoa. Esta região parece mais uma estepe, como as do Rio Grande do Sul, tanto que ali foi filmada a novela “O Gaúcho” do SBT.
E depois de beber muita água, fotografar e filmar esse momento mágico, acompanhar as homenagens, nós descemos a Serra. Fiquei admirada com a paisagem, a vista da descida é coisa de se parar só para admirar. Dali, avistamos toda a Serra da Mantiqueira do outro lado, que ainda parece mais alta (um de meus próximos objetivos).
Fomos para uma pousada em São José do Barreiro. Tudo o que eu queria era um bom banho para tirar o pó e... cama.
Sabadão chegou, mas isso já é outra história. Aguarde.